quarta-feira, 16 de abril de 2008

Edição 1 - O início!

Edição 1 - O início!
Sem mais delongas, a primeira edição do Blog 3M já está no ar! Para todos que elogiaram, auxiliaram, deram dicas e, principalmente, estão nessa edição, meu muito obrigado! Sem vocês, esse blog jamais teria tanta inofrmação. É aqui, onde o músico pode soltar o verbo, dar sua opinião em relação ao mercado piracicabano. Estamos sempre atrás de novas idéias, vamos colaborar. Relembrando, isso é apenas o começo, o blog tem muito a oferecer, vocês vão ter muita surpresas imagináveis. Aguardem próximas novidades e edições! Participem!!!
Nettão Cambiaghi
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Tempos Modernos

Tom Jobim tem, certamente, se revirado bastante em seu caixão nos últimos quatorze anos. Desde sua morte, em 1994, muita coisa de baixíssimo nível nos foi enfiada goela abaixo. A efemeridade tomara conta de tudo. Parece que a música e várias outras artes tem tido uma única serventia: matar o tempo. Quando digo isso, com todo o respeito, afirmo que aquilo que tem outrora encantou gerações, embalou paixões e despertou novas auras artísticas e intelectuais ao longo da história, tornou-se indústria que, controlada por uma oligarquia sem qualquer tipo de escrúpulos, imprime nas pobres cabeças ocas o ritmo, harmonia a melodia que quer.

Ao se depararem com uma canção pop qualquer que tenha sido lançada a mais de um ano, que seja jovem não hesita em exclamar “nossa, que música velha”. O que dizer, então, dos discos do Led Zeppelin, do Miles Davis, do próprio Tom Jobim e de gente como Edu Lobo? Para música de gabarito não há tempo. Aí estão as partituras de Bach para contar história.

Enfim, desejo a todos os iluminados deste universo, muita força e paciência para tolerar tanta inutilidade junta e, acima de tudo, perseverança pata tentar mudar alguma coisa.

Nelson de Queiroz e Dias
Violonista, guitarrista, compositor e professor. Já tocou ao lado de nomes como Chico Medori (ex Grupo Medusa, Chico Buarque) e Osmar Barutti (Sexteto do Jô).

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Entrevista: Leo Bonna

BLOG3M:
Na sua opinião, qual a sua contribuição para o mundo guitarra?

Leo Bonna: Bom, primeiramente, eu gostaria de agradecer a honra de ser o primeiro entrevistado do blog. Essa é também a primeira vez que alguém me entrevista. Obrigado!
Apesar de já estudar guitarra e música há 11 anos, ainda me sinto no começo de uma longa jornada rumo a algo muito maior, que é contribuir para a cultura musical de uma forma geral.
Acredito que como músico das seis cordas, eu tenho o dever de sempre mostrar ao máximo de pessoas um trabalho de qualidade, independentemente de qual seja o estilo musical que eu esteja tocando. Meu principal foco quando eu toco é sempre o público, afinal de contas, sem público a arte é apenas uma via de mão única, sem o “feedback” que o artista precisa para saber se seu trabalho está sendo bem executado ou não. Nas palavras sábias do maestro Souza Lima “A música ao vivo é a vida do artista”.
Como professor de guitarra, sinto que devo ensinar à nova geração de guitarristas que você pode ser ao mesmo tempo versátil e tocar aquilo que você gosta, mostrando conhecimento da arte da música sem precisar ficar “fritando” e fazendo estripulias, mas sim um trabalho comedido, diferenciado e de bom gosto. Um bom músico é aquele que ouve de tudo e que, principalmente, sabe extrair de qualquer estilo musical, elementos artísticos úteis para que ele possa aproveitar posteriormente em seu trabalho de composição. Ninguém é obrigado a gostar de tudo o que existe, principalmente porque existe muita coisa mal feita por aí, mas saber transformar esterco em adubo para cultivar frutos bons e de qualidade é essencial na nossa profissão.
Essa é uma filosofia que sempre me acompanhou desde que comecei a entender as músicas que ouvia e as mensagens que haviam por trás das melodias, e é essa a lição que eu passo aos meus alunos.
Eu me nego a formar guitarristas para apenas tocar músicas de outras pessoas. Acho que isso é enganar meus alunos. Obviamente eu os incentivo a tirar músicas, pois sei que a formação de um repertório é essencial no ensino musical, mas prefiro ensiná-los a andar com suas próprias pernas e a compor trabalhos próprios, afinal de contas, hoje em dia, baixar uma tablatura da Internet e aprender a tocar uma música é algo que qualquer criança consegue fazer... É trabalho puramente físico e que não exige nenhuma noção de música. Minha grande preocupação nesse ponto é apenas corrigir a técnica que eles estiverem usando durante a execução, pois são os próprios alunos que devem decidir seu repertório.

Blog3M: O que você pode dizer sobre os rótulos de estilos musicais?

Leo Bonna: Acho que eles são úteis sim, na hora de estabelecer diferenças entre um ou outro tipo de música, pois é claro que é impossível acreditar que não exista barreira nenhuma entre Sepultura e Mozart. Trash Metal e musica Clássica são sim estilos diferentes, afinal apareceram em épocas diferentes, tendo propósitos diferentes, usando instrumentos diferentes e técnicas de composição diferentes. O mesmo acontece na pintura, pois não se pode comparar Da Vinci com Picasso, apesar de ambos serem gênios naquilo que fazem.
Acho que o grande diferencial na música é que, não como em outras artes, ela influência muito o modo de vida das pessoas, gerando tribos com sub-culturas muito distintas, o que faz com que se preste muito mais atenção nas DIFERENÇAS entre estilos do que nas SEMELHANÇAS. Poucos se dão conta de que independentemente do estilo, estamos falando da música como arte, e como artistas, precisamos acima de tudo entender como funcionam as diversas nuances dessa arte para, enfim, conseguirmos ver as semelhanças, que nos fazem ter uma linha-mestra na hora de trabalhar.
Como eu disse, como ouvintes, temos o direito, assim como qualquer outra pessoa, de preferir ouvir um estilo específico, mas nunca de julgar nada em termos de superioridade. Isso é nazismo musical!

BLOG3M: Qual seu equipamento atualmente?

Leo Bonna: Eu, já há algum tempo, estabeleci um set que eu considero bem versátil e que me atende em quase tudo o que preciso. Eu revezo entre duas guitarras: uma Fender Richie Sambora Standard e uma Schecter Diamond Series de 7 cordas, que ligo direto em uma pedaleira BOSS ME-8, ligada a um amplificador Marshall Valvestate VS 65 R. Já tenho esse set há tanto tempo que me acostumei a lidar com ele e a criar timbres bem orgânicos e ricos.

BLOG3M: Segue uma rotina de estudos?

Leo Bonna: Bom... (risadas). Não me considero um cara muito disciplinado no que diz respeito a estudo. Nunca fui, desde a época do colégio. O que costumo fazer é manter a forma estudando improvisação em diversos estilos e tons, seja com ou sem playbacks. Procuro sempre explorar novas possibilidades melódicas enquanto faço isso. Quando crio um bom lick, tento sempre subvertê-lo para criar outros licks interessantes que eu possa usar posteriormente. Isso me ajuda a manter sempre os ouvidos bem abertos ao que estou tocando e a mente afiada para desenvolver coisas novas. Definitivamente eu não sou o tipo de guitarrista “fritador”. Acho que frases rápidas são muito boas sim, mas só quando a música pede por isso, do contrário, prefiro frases que chamem a atenção bela beleza e pelo feeling.
Quando esporadicamente sinto que me falta velocidade ou precisão, daí sim, procuro criar alguma rotina de estudos, sempre seguindo minhas necessidades e certas regras básicas como nunca fazer muito esforço ou exercitar durante muito tempo, para evitar lesões.

BLOG3M: Como são suas aulas?

Leo Bonna: A idéia que eu passo para meus alunos é sempre a de que eles precisam conhecer o terreno no qual eles pisam. Se eles querem aprender uma música do AC/DC, por exemplo, eu ensino a eles “power chords” e escala pentatônica, pois é exatamente isso que eles vão usar para tocar a música que eles quiserem e várias outras. Isso dá uma perspectiva mais clara do que estão fazendo enquanto tocam. Se eles esquecerem como é o solo, eles pelo menos sabem em que terreno estão pisando e podem até improvisar algo que encaixe na música ou até mais criativo que o solo original.
Eu trabalho através de módulos. A cada módulo eu estabeleço metas para o aluno cumprir tanto em conhecimento teórico, quanto prático e de repertório.
Como disse antes, eu formo músicos que pensam, e não meros digitadores de escalas. Existe um nível mínimo de conhecimento que qualquer músico precisa ter para fazer seu trabalho direito, e é isso que eu tento passar o mais rápido possível para os meus alunos. Feito isso, pode-se até relaxar um pouco e explorar matérias mais complexas e sonoridades mais exóticas, bem como um repertório maciço.

BLOG3M: Qual a diferença entre “Leo professor”, “Leo músico”, “Leo pessoa”?

Leo Bonna: Hoje em dia as três faces se misturam muito. Na maior parte do tempo eu estou ligado em música, pensando em como passar algo a meus alunos, edificando minhas idéias sobre música, imaginando melodias que sejam interessantes e conversando com meus amigos sobre shows e CDs que gostamos.
Acho que a grande diferença é a dinâmica em cada uma dessas fases. Casa momento pede por uma forma de comportamento.
Como professor, eu converso muito com meus alunos, tento entender o que eles estão pensando, porque eles estão errando tal coisa, como criar uma comunicação melhor com eles e assim tornar meu trabalho mais eficiente.
Como instrumentista, eu procuro primeiro organizar o trabalho que vai ser feito pela banda para conseguir enfim fazer meu trabalho direito. Não gosto de gastar muito tempo em ensaios.
Como pessoa eu sou mais flexível. Gosto da companhia de meus amigos (na maioria músicos) e duma cervejinha no fim de semana, assistindo um show de alguma banda ou um violão e voz. É o momento que eu tenho pra falar e pensar em outras partes da minha vida que não apenas a profissional.

BLOG3M: Você passa a maior parte do seu tempo na cidade de São Paulo, lecionando, estudando e criando seus projetos. Faça uma comparação entre o mercado de trabalho para músicos em Piracicaba e em São Paulo.

Leo Bonna: A diferença é nada menos que homérica... Gigantesca seria pouca...
Primeiramente, os músicos em São Paulo são muito mais práticos e diretos quando se trabalha com eles (até mesmo os iniciantes). Você chega com um esboço de idéia e de cara eles te respondem sem rodeios se vão ou não participar. Nesse ponto, isso te força muito a ter uma postura profissional, e a estar bem preparado. Se em algum momento o cara perceber que a coisa não é tão séria quanto ele imaginava, ou ele toma as rédeas na hora ou ele pula fora. Lá ninguém perde tempo com besteira e todo mundo entra num projeto sabendo que aquilo VAI TER QUE RENDER BONS FRUTOS.
Outra diferença muito grande, é que lá o trabalho é muito mais valorizado. Alguns diriam que isso se deve ao custo de vida ser mais caro, mas pessoalmente eu discordo. Enquanto em Piracicaba um professor com 15 ou 20 anos de guitarra ganha cerca de 40 reais por aluno por mês, eu, que estou lá faz pouco tempo ganho quase essa quantia POR AULA, fora que os bares pagam bem melhor por lá. Por mais que o custo de vida seja alto, ainda assim o que se ganha é bem mais.
A terceira grande diferença é que como nenhum músico lá perde tempo com besteira, eles estão sempre muito “afiados” quando você vai ensaiar, o que poupa tempo valioso. Isso facilita muito qualquer um a ter mais de uma banda, pois você não precisa ensaiar tanto pro som ficar “redondo”. Essa facilidade de poder trabalhar em mais de uma banda, multiplicada pela infinidade de locais pra se tocar, faz com que o músico possa ganhar bem mais dinheiro trabalhando na noite.

BLOG3M: O que você sugere para os guitarristas iniciantes?

Leo Bonna: Nossa... Tem tantos bons conselhos... Aí vai uma lista:

Mantenha seus ouvidos e sua mente sempre BEM ABERTOS a coisas novas e diferentes. Lembre-se que até esterco pode servir como adubo para gerar bons frutos.
Estude teoria e harmonia. Isso facilita seu trabalho, abre sua cabeça para coisas diferentes e interessantes, cria diferenciais para o seu trabalho e, principalmente, te torna menos dependente dos outros.
Pesquise sobre como ter sucesso. Se você estudar sobre marketing e propaganda, vai notar que a grande maioria dos músicos famosos não teve apenas “sorte”, e sim, a cabeça no lugar certo quando era pra tomar decisões. Descubra como eles pensam sobre isso.
Aprenda a vender seu trabalho. Muitos músicos passam a vida estudando como loucos, fazem um trabalho extremamente bem elaborado e de qualidade, mas vivem sem grana por não saberem vender seu trabalho.
Valorize o seu trabalho. Toda vez que você cobra uma merreca pra tocar em um bar, você abre precedentes para nunca mais ganhar mais dinheiro naquele lugar. Fora isso, quando você cobra menos do que o justo, acaba por roubar o lugar de outros músicos que precisam daquele dinheiro pra se sustentar. Nunca ache que o seu trabalho é “coisa de iniciante”, pois é por causa dele que vários bares se mantêm abertos. Sem o seu trabalho, a noite fica menos agradável e divertida.
Não rotule o seu trabalho. Não se preocupe tanto se os outros vão gostar daquilo que você está fazendo, pois existe gosto pra tudo. Se você e sua banda gostam daquilo, certamente alguém mais vai gostar. Deixe que o seu público crie um nome pro seu estilo de música.
Trabalhe sempre com metas e prazos. Eu costumo dizer que não há nada melhor do que a água batendo na bunda pro cara aprender a nadar depressa. Quando você coloca na cabeça que “VAI FAZER ALGO ATÉ TAL DATA” você SEMPRE se força a alcançar aquilo que você quer, e acaba conseguindo.
Entre no meio. Faça contatos, conheça os donos dos bares, os músicos de outras bandas. Ter amigos dentro dessa profissão é fundamental!
Fuja de encrencas. Se você esta achando que a banda não está legal, corra atrás de algo melhor. Sempre há outras opções pra você fazer o que você quer
Mantenha as mãos livres. Esse era um lema dos antigos navegadores, e quer dizer que você deve sempre fazer o seu trabalho da forma mais eficiente e rápida possível para estar disponível para fazer outras coisas.

BLOG3M: Cite bandas e artistas que você considera importantes? E explique o motivo.

Leo Bonna: Aí vai outra lista então:

Richie Kotzen: Um guitarrista fantástico, com um estilo de som bem Rock n’ Roll e solos muito criativos, que além de tudo canta tão bem quanto Chris Cornell (Soundgarden/Audioslave).

Dave Matthews Band: Uma banda cujo estilo é difícil de definir em palavras. Eles têm um groove cativante e o baterista é um monstro.

Dr. Sin: Na minha opinião, a melhor banda de Hard Rock/Metal do Brasil. Um trio de verdadeiros virtuoses que sabem fazer música boa e sem exageros

Mr. Big: Assim como o Dr. Sin, um time que deixa qualquer um de boca aberta. Richie Kotzen fez parte dessa banda, mas a melhor fase é com o...

Paul Gilbert: Ex-Mr. Big, um dos guitarristas “fritadores” que eu mais gosto.

Steve Vai: Dispensa apresentações para a maioria dos guitarristas. Um verdadeiro músico de vanguarda e virtuose.

Steve Ray Vaughan: Pra quem quer descobrir o que é pegada de verdade, o maior blues man texano que o planeta já viu.

Yes: Banda de Rock Progressivo dos anos 60’/70’, ainda na ativa. Tem muitas coisas que ainda são copiadas deles até hoje por bandas como...

Dream Theater: Quem conhece alguma coisa sobre Metal Progressivo sabe do que eu estou falando... Você nunca ouve uma música deles sem descobrir alguma novidade.

Miles Davis: Pra quebrar um pouco a linha de Rock e Blues, o rei do trompete do Jazz. Esse é pra quem gosta de feeling puro e classe. Um dos melhores discos (agora remasterizado em CD) é o “Kind Of Blue”.

Kiko Loureiro: Ficou famoso no Angra, em seu trabalho solo. Particularmente eu gostei mais do 2º CD, Universo Inverso, onde ele explora um lado totalmente inusitado do seu talento, tocando Fusion. Na minha opinião, ele nunca mostrou em toda a história do Angra tanto talento e versatilidade quanto nesse único CD

Leo Bonna
Celular em Piracicaba: (19) 9685-2097
Celular em São Paulo:(11) 8694 – 4128
E-mail:
leobonna@yahoo.com.br
MSN:
leo.bonna@hotmail.com
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Recomendo

Para iniciar essa seção do Blog 3m, gostaria de recomendar um álbum que tive o privilégio de ouvir e, sinceramente, fico muito feliz com a qualidade e honestidade que as bandas de heavy metal brasileiras vêm se destacando ainda mais no cenário mundial. Já posso dizer com toda certeza, que o nosso heavy metal não perde nada em comparação com a bandas gringas.


Dr. Sin – Bravo

Após um longa de aproximadamente 7 anos sem lançar material inédito, o Dr. Sin volta com um trabalho potente, com guitarras agressivas, e muita técnica para os detalhistas de plantão. O disco mostra a maturidade dos músicos, uma ótima sincronia, e musicalidade à flor da pele. Coisa que atualmente, não está na moda.
O álbum vem com 16 (!) faixas, um número bastante estranho para uma banda de progressivo. Porém, o número de música não assusta quando você começa ouvir o trabalho da banda de Andria Busic (vocal/baixo), Edu Ardanuy (Guitarra) e Ivan Busic (bateria/vocal). As composições do batera mostra uma capacidade imensa de harmonia, trabalho no piano, além de da parte percussiva.
Destaque para a faixa Life is Crazy; faz tempo que não ganhamos uma música com uma boa melodia que “gruda” na memória. Drowing In Sin, repare as fusas no pedal duplo do Ivan, misturando padrões cubanos na cúpula do Ride. "The Celebration Song" ótima música, uma clara homenagem ao Led Zeppelin, a letra composta com títulos de música do Led. E muitas influências que completam o cd de maneira muito competente. Ouve ai!
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